29.7.18

Resenha | Tempestade de Guerra - Victoria Aveyard


Título: Tempestade de Guerra | Autora: Victoria Aveyard
Gênero: Distopia | Editora: Seguinte | Páginas: 699
Avaliação: ★★★★★
Sinopse: Mare Barrow aprendeu rápido que, para vencer, é preciso pagar um preço muito alto. Depois da traição de Cal, ela se esforça para proteger seu coração e continuar a lutar junto aos rebeldes pela liberdade de todos os vermelhos e sanguenovos de Norta. A jovem fará de tudo para derrubar o governo de uma vez por todas — começando pela coroa de Maven. Mas nenhuma guerra pode ser vencida sem ajuda, e logo Mare se vê obrigada a se unir ao garoto que partiu seu coração para derrotar aquele que quase a destruiu. Cal tem aliados prateados poderosos que, somados à Guarda Escarlate, se tornam uma força imbatível. Por outro lado, Maven é guiado por uma obsessão profunda e fará qualquer coisa para ter Mare de volta, nem que tenha que passar por cima de tudo — e todos — no caminho.

RESENHA

Aguardei ansiosamente, durante um ano, pelo lançamento de Tempestade de Guerra, quarto e último livro da série distópica A Rainha Vermelha, de Victoria Aveyard. E, quando esse tijolo chegou em minhas mãos, não me aguentei e o devorei.

“— Você abriu rachaduras no que antes era impenetrável. — Davidson fala como
se apontasse o óbvio. — Criou fendas na armadura. Afrouxou o nó, srta. Barrow.
Agora é hora de cortá-lo de vez.”

No final de A Prisão do Rei, Tiberias Calore fez sua escolha: a coroa em vez de Mare, quem um dia ele havia dito que escolheria, por ama-la verdadeiramente. Mas, para decepção de Mare, quando havia dito aquilo, ele não contava com a possibilidade de ter outra chance de recuperar sua coroa. 

Então, Mare Barrow o deixa de lado. Àquela altura, ela tinha coisas mais importantes com que se preocupar: a causa pela qual ela havia escolhido lutar.


Chega de reis! Esse é um dos objetivos da Guarda Escarlate. Mas, antes de tudo, eles precisam tirar Maven Calore de seu trono construído por mentiras, traições e sangue derramado; e, para que consigam, eles precisam de alianças fortes. Para isso, a Guarda conta com Montfort – única nação democrática de Norta – e seu exército, e com Tiberias e seus apoiadores prateados. No entanto, do outro lado, há Maven, que casou-se com Iris Cygnet, formando também uma poderosa aliança, com as poderosas ninfoides de Lakeland . 

Com alianças já formadas, a guerra já está batendo a porta. Qual lado será mais forte? 

Antes mesmo do lançamento de Tempestade de Guerra aqui no Brasil, surgiram algumas críticas negativas, o que deixou os fãs brasileiros com medo que viria, inclusive eu. Pórem, quando realizei a leitura só conseguia pensar: galera, vocês leram o mesmo livro que eu? Eu ameeeei o livro como um todo, incluindo o desfecho (principal fruto das criticas). 


Desde o início das 700 páginas, eu percebi uma grande evolução na escrita da Victoria; que já era maravilhosa, mas mostrou-se ainda mais envolvente e intrigante. O livro está repleto de cenas (ou mesmo frases) marcantes, que me fizeram encher o livro de post-its! E quando digo encher, me refiro a quase 300. Hahahaha

“As favelas vermelhas precisam acabar. Seus muros têm que queimar também”

Assim como a escrita da autora, os personagens evoluíram muito; não apenas a construção, mas eles
próprios.

Eu sou defensora oficial de Mare Barrow, desde o início da série. Ela é uma jovem que, apesar de tudo pelo que passou, permanece forte. Ela faz merda? Sim. O que é, no mínimo, aceitável, levando em conta todo o contexto: o que ela passou desde muito nova, sendo obrigada a roubar para ajudar a família; o fato de ela estar no meio de uma guerra, em que ela é uma das principais figuras, logo, é bastante cobrada etc. E, em Tempestade de Guerra, ela se mostra mais madura, mais racional, apesar de eu achar que a Victoria pecou um pouco em alguns pontos sentimentais em relação a Cal. Não foi algo que chegou a me atrapalhar – pois, gostando ou não, mostra a humanidade de Mare – mas acredito que sem isso seria melhor. Sem contar que também teve bastante de seu lado soldado, de membro da Guarda Escarlate, que luta por igualdade entre vermelhos e prateados e por uma vida melhor para todos, me arrepia só de lembrar.



Farley (Ah, Farley!) é minha personagem preferia da série, empatando com Mare. Mas essa nem precisa de defesa, pois é impossível não reconhecer o quanta essa mulher é foda. Humana, vermelha, sem poder inumano, mas tão forte e corajosa quanto a maioria dos outros. E com um espirito de liderança... ❤

Aliás, os diálogos dessas duas me matavam de tanto amor!!!!!: 

"— Você me ouviu, garota elétrica? — Ela funga e força um sorriso, virando de novo para revelar o rosto agora vermelho. — Eu disse que estou orgulhosa de você. É melhor anotar. Guardar na memória. Provavelmente não vai me ouvir falar isso de novo." 

Eu poderia falar sobre cada personagem feminina desse livro sem me cansar de aclama-las. Pois, sem dúvidas, essa história é comandada pelas mulheres. Ainda que Maven seja, para mim, o mais complexo dos personagens, as mulheres e garotas são as que mais chamam atenção. Acredito que isso deve-se, talvez, justamente ao fato de não ser algo comum vermos mulheres como protagonistas por serem quem são, pela personalidade, luta e potência delas, não por serem parte de um romance ou só por uma coisa de destino.

“A eletricidade não tem piedade. Nem eu.”

Evangeline então... Que mulher! Que construção! Forte, muito esperta e maravilhosa: e sabe disso! Ela, Cameron, Iris, Anabel, Elara... Essas são só algumas que, independente de gostarmos ou não, ou de elas serem boas ou más, acredito que todos concordam que elas são personagens que representam bem o girl power.

Aliás, só para acrescentar, também sou total defensora de Cameron, apesar de muitos criticarem-na, assim como fazem com Mare. Ela é uma adolescente, que nunca foi livre de verdade, que nunca teve paz, no meio de uma guerra. Acho fácil compreendê-la. E apesar de termos tido algumas cenas legais com ela, senti falta de mais, queria um melhor aproveitamento dessa personagem que também amo. Entretanto, se sem isso o livro já é extenso, imagina se a autora quisesse aproveitar cada personagem?!...

"Bom, não é preciso ser um gênio da política para saber que uma coalizão vermelha e prateada só pode terminar em traição."

Não falarei de mais personagem, se não logo, logo, eu que estou chegando às 700 páginas. Mas outra coisa que eu gostaria de ressaltar em relação a este ponto é que também percebi um melhor aproveitamento dos personagens secundários e terciários (?), como a família de Mare. Vemos, mesmo que pouco, mais deles. Isso fez com que eu afeiçoasse mais por seus irmãos e sua irmã Gisa, que é outra que amadureceu muito.

"— Bela luta, Barrow. — Bela luta, Samos."

Como já deve ter dado para perceber, representatividade feminina é o que não falta. Assim como diversidade de gênero e cor da pele também não. Não me prolongarei muito falando sobre, mas acredito que a Victoria inseriu isso perfeitamente na trama. Mostrando a realidade: que há, e é natural e normal.


Tempestade de Guerra foi narrado por cinco pontos de vistas: o de Mare, Evangeline, Iris, Cal e Maven. 

Eu amei todos (embora tenha achado alguns da Iris meio lentos), mas o mais surpreendente, de certa forma, foi o ponto de vista do Maven. Há um tempo, a própria autora havia dito que não desejava muito entrar na mente dele, por ser um campo difícil. Por isso, e pelo simples fato de ele ser quem é, foi um choque saber que o livro teria capítulos dele. Confesso que eu, assim como muitos leitores, imagino, estava ansiando desde o início da leitura para chegar até seu primeiro capítulo. E, sim, é sensacional! Por meio deles, vemos o estrago real que Elara fez, e prova que ele é: um monstro construído. 

Finalmente, finalizando... 

O desfecho: eu adorei! Foi como tinha que ser, da melhor forma possível, para mim. Algumas pontas ficaram soltas, realmente, mas acredito que algumas eram necessárias e outras creio que a Victoria Aveyard irá amarrá-las com os contos que ela está escrevendo. 

“O mundo que queremos construir deve durar mais do que nós. Para aqueles que virão depois.”

Amo a série, e a Vic deu um ótimo adeus... Um até logo, na verdade. Valeram a pena todos os meus muitos surtos e choros! No final, senti aquela sensação maravilhosa de satisfação. E até uma dose de alívio, pelo livro ter atingido minhas expectativas. Sem contar, é claro que deixou também saudade, principalmente porque quando eu terminei de lê-lo, a autora ainda não havia divulgado que já estava escrevendo os contos. 

No geral, Tempestade de Guerra é um livro de tirar o fôlego! O indico, e toda a série, lógico, a todos os leitores que gostam de livros com bastante ação, luta por poder, crítica social e política, que nos permite FACILMENTE relacionar com a realidade em que vivemos; e aos que gostam de distopias etc. Ah, e ainda há o romance e fantasia que pode fazer com que o leitor goste ainda mais.

“— Você não entenderia, Kilorn. [...] Acha que cresceu num lugar ruim, mas aqui é pior. Pensava que estava preso àquele povoado na beira do rio, mas preso pelo quê? Dinheiro? Um emprego? Alguns guardas olhando de esguelha? — Ela fica corada, despejando as palavras. — Bom, nós tínhamos isto.

Ela puxa a gola da blusa para mostrar o pescoço tatuado. A profissão, o lugar, a prisão estampada em tinta permanente. CN-MMPF-188907.

— Cada um de nós tinha um número aqui — Cameron continua, tocando o teto. — Se você desaparece, o próximo número da sequência desaparece também. E não de um jeito bom. Famílias inteiras precisam fugir. E para onde vão? Para onde podem ir? Espero que isso seja passado agora.”

Um comentário

  1. Boa noite, eu gostaria de indicar um livro que amo de mais que é "Predestinados".
    Sei q não tem MT haver com o assunto acima, mas gostaria mto de saber sua opinião.

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Muito obrigada pela visita, espero que tenha gostado!

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